O banco central está no meio do cabo de guerra do governo contra os juros altos — e nesta quarta-feira (8), o time do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou reforços. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, engrossou as críticas do chefe do Planalto e pediu mais sensibilidade ao BC para reduzir a Selic.
"O presidente Lula sabe que a diminuição da taxa de juros facilita e impulsiona o emprego e a renda, facilita os investimentos e, consequentemente, facilita um ciclo virtuoso. É o que ele tem deixado claro de forma contundente", disse Silveira no Palácio do Planalto.
Insatisfeito com o Banco Central, que na semana passada manteve a Selic em 13,75%, Lula tem protagonizado uma ofensiva sobre o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto — também pelo fato de ver nele um bolsonarista no governo que não pode ser demitido.
"Não é embate com BC, é posição de governo, que Lula teve na campanha e agora continua tendo, o que é extremamente legítimo. Espero que sensibilize o Banco Central para que possamos realmente, na medida do possível, diminuir a taxa de juros", afirmou Silveira.
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Lula deixa Rui Costa e Haddad do outro lado da corda
Enquanto Lula e Silveira fazem pressão sobre o BC e Campos Neto, do outro lado, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Casa Civil, Rui Costa, puxam a corda para tentar equilibrar a partida.
Ambos integram a ala a favor de uma conciliação por não enxergarem ganhos para o Executivo em uma temperatura tão elevada entre o governo e o banco central.
E os dois ministros têm boas chances de manter o cabo de guerra na linha central — ainda que não se saiba até quando.
Hoje, Lula abriu mão de comparecer à primeira reunião da Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento para um encontro de emergência com Haddad e Costa. O conteúdo do encontro, no entanto, não foi divulgado até o momento.