Os últimos dias para os investidores em bolsa foram difíceis, que o digam aqueles que apostam no índice brasileiro. O Ibovespa recuou 3,09% na semana, perdendo o patamar de 100 mil pontos. Nas mínimas da semana passada, chegou a tocar os 97 mil pontos, nível mais baixo desde julho de 2022.
A moeda norte-americana teve um desempenho positivo, subindo 0,37% no mesmo período e fechando o último pregão em R$ 5,25 — depois de tocar os R$ 5,32 nas máximas da semana.
Mas o que levou o índice brasileiro a ter um desempenho tão avassalador assim?
Em primeiro lugar, o panorama internacional não é dos melhores. A crise dos bancos nos Estados Unidos e Europa ainda não chegou ao fim e vem injetando cada vez mais cautela nos investidores mundo afora.
É verdade que o desempenho da bolsa brasileira anda meio descolado do que acontece lá fora — o que não é sinônimo de estabilidade ou otimismo por parte dos investidores.
Isso porque a briga entre o Banco Central e o governo federal sobre a taxa de juros ganhou um novo capítulo, com as duas partes intransigentes em relação às próprias posturas.
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No cabo de guerra, Ibovespa quem sofre
Recapitulando, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva criticou a postura do Banco Central em relação à Selic, que está em 13,75% ao ano. No Brasil, o juro real — isto é, a diferença entre a taxa de juros e a inflação esperada para um período — é de 6,94%, o mais alto do mundo.
Os juros mais altos até conseguem conter a inflação, mas diminuem os investimentos e a tomada de crédito — em outras palavras, o dinheiro fica “mais caro”.
As críticas de Lula aos juros não afetaram a decisão do BC de manter a Selic em 13,75% ao ano. A autoridade monetária brasileira ainda destacou que a falta de um arcabouço fiscal que substitua o teto de gastos é um dos motivos que gera incertezas sobre o futuro da inflação.
Nesse contexto de incertezas, os investidores adotaram uma postura mais defensiva em relação ao índice brasileiro e o Ibovespa foi penalizado.
E o arcabouço, Lula?
Por falar na nova âncora fiscal que substituirá o teto de gastos, o governo guarda a sete chaves a proposta do novo regime para as contas públicas.
Pouco se sabe da proposta até o momento. O que se sabe é que o mercado está cada vez mais impaciente com o atraso na divulgação do projeto.
A divulgação oficial do projeto estava marcada para depois da volta do presidente de sua viagem à China. Lula, porém, precisou ficar no país devido a uma pneumonia leve.
E o Ibovespa com isso?
Em terras brasileiras, o presidente pode agilizar o processo de ajustes finos no projeto e apresentar ao mercado a nova âncora fiscal.
A apresentação do projeto tem potencial de aliviar as incertezas do setor financeiro. Isso tudo, é claro, são especulações, sabendo que existem outras propostas esperando na porta do gabinete para serem aprovadas pelo presidente.