Os ventos do exterior continuam a movimentar o barco do Ibovespa nesta quinta-feira (20).
As bolsas europeias fecharam mistas, e as bolsas americanas passaram a maior parte do dia em alta, mas no fim da tarde, viraram para queda. Há pouco, o Dow Jones caía 0,05%, o S&P 500 recuava 0,23%, e o Nasdaq tinha queda de 0,34%.
Mas quem deu um empurrãozinho extra na bolsa brasileira hoje foi, sem dúvidas, a China. O banco central do país cortou as taxas de juros referenciais de curto e longo prazo, depois de ter reduzido as de médio prazo, no início desta semana.
O gigante asiático mantém os estímulos em razão das novas ondas de covid-19, o que sustenta novas altas para os preços das commodities, com a perspectiva de aumento na demanda chinesa. Nesta quarta, o minério de ferro fechou em alta de 2,66%, a US$ 134,72 a tonelada.
Já o petróleo, que começou o dia em queda com o avanço nos estoques americanos da commodity, virou para alta, mas não conseguiu manter o fôlego. O barril do tipo Brent fechou em baixa de 0,07%, a US$ 88,38, enquanto o WTI recuou 0,35%, a US$ 85,55.
Por volta das 17h15, o Ibovespa avançava 1,21%, aos 109.321 pontos, na máxima. Já o dólar à vista fechou em queda de 0,90%, a R$ 5,4165, com o fluxo estrangeiro positivo e o corte de juros na China, o que tende a fortalecer as commodities e, por conseguinte, as moedas de países emergentes.
A moeda americana também teve um dia de alívio global, com o recuo dos juros dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano. As taxas acentuaram a queda após a divulgação de um número de pedidos de auxílio-desemprego acima do esperado nos Estados Unidos, dado que contribui para conter a agressividade do Federal Reserve no aperto monetário.
Pela manhã, o Departamento de Trabalho dos EUA divulgou um aumento de 55 mil pedidos na última semana, elevando o número a 286 mil. A expectativa do mercado era de 225 mil pedidos. O dado da semana anterior também foi revisado para cima, passando de 230 mil para 231 mil pedidos.
Assim, os juros futuros locais também fecharam em queda, acompanhando a desvalorização da moeda americana e o fortalecimento do real, bem como o recuo dos juros futuros nos EUA. Veja o desempenho dos principais vencimentos:
- Janeiro/23: queda de 12,027% para 11,88%;
- Janeiro/25: queda de 11,263% para 11,06%;
- Janeiro/27: queda de 11,272%, a 11,095%.
O alívio geral nos juros beneficia sobretudo as empresas muito sensíveis à variação nas taxas, como as techs, as varejistas, e as empresas do mercado imobiliário, como construtoras e administradoras de shoppings, cujas ações apresentam fortes valorizações hoje.
Esses segmentos dependem muito de crédito para o consumo dos seus produtos (caso de varejo e imóveis), ou então, no caso das empresas de tecnologia, têm seus fluxos de caixa mais significativos apenas no longo prazo, sendo muito afetadas pela taxa de desconto com que são trazidas a valor presente na hora de se estimar seu valor de mercado atual. Basicamente, quanto maior a taxa de desconto (a taxa de juros), menor o valor presente.