Um forte calendário de balanços corporativos e de indicadores econômicos tem tudo para provocar volatilidade no mercado financeiro brasileiro ao longo dos próximos dias. Da ata do Copom aos dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos, a semana que começa hoje traz a garantia de um variado cardápio de eventos e indicadores.
Na semana passada, sinais de que a economia norte-americana não está tão aquecida quanto se imaginava permitiram algo que não se via havia um bom tempo: o real foi a grande estrela do período. O dólar perdeu 3,74% em relação à moeda brasileira ao longo da semana passada, retornando à faixa dos R$ 5,22.
No Ibovespa, a carregada agenda de resultados corporativos e o ambiente mais propenso ao risco nos mercados internacionais fizeram com que o principal índice do mercado brasileiro de ações finalmente rompesse a marcada dos 120 mil pontos e subisse 2,64% na semana, encerrando a sexta-feira em 122.038 pontos e ficando a pouco menos de 3% de seu topo histórico.
LIVE DA SEGUNDA
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Só por hoje
Já que a semana tem tudo para fazer o mercado financeiro oscilar entre a nevasca e os 40 graus na sombra de uma hora para outra, quem gosta de calmaria pode tirar proveito da agenda tranquila e do tom discretamente positivo dos primeiros movimentos dos mercados internacionais apenas nesta segunda-feira. Porque a partir de amanhã…
Ata do Copom pode trazer mais sinais sobre os rumos da Selic
A terça-feira começa quente. Antes mesmo da abertura dos mercados locais, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgará a ata da reunião da semana passada, na qual elevou a taxa Selic em 75 pontos-base, para 3,50% ao ano. No comunicado, o Copom sinalizou a intenção de dar continuidade ao ritmo do aperto monetário na reunião de junho. Caso isto se confirme, a Selic chegará no mês que vem aos 4,25% ao ano.
O Copom também explicou que considera apropriado no momento elevar a taxa a um nível que preserve o incentivo à atividade econômica, mas ressalvou que “não há compromisso com essa posição”. De acordo com a autoridade monetária, a condução da taxa Selic poderá ser ajustada em breve para “assegurar o cumprimento da meta de inflação”. E é atrás de pistas sobre os próximos passos do Copom que estarão os investidores.
E por falar em inflação…
IPCA de abril será conhecido pouco depois da ata
Na manhã de terça-feira, pouco depois da divulgação da ata do Copom, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgará o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) Amplo referente a abril. Analistas antecipam uma aceleração da inflação oficial, que em março atingiu 6,1%, posicionando-se acima do teto da meta de inflação do BC para 2021, de 5,25%.
A semana de indicadores relevantes no Brasil prossegue na quarta-feira com os números referentes às receitas do setor de serviços em março. Na quinta-feira, o Banco Central divulga o IBC-Br, índice de atividade econômica usado como termômetro para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB).
A expectativa é de que o IBC-Br de março proporcione um pouco mais de clareza sobre qual era o retrato da economia brasileira ao término do primeiro trimestre de 2021, exatamente quando a pandemia avançava rumo a seu mais grave momento no Brasil. Lembrando que a média móvel de mortos por covid-19 no país encontra-se acima da marca de 2.000 óbitos por dia há quase dois meses.
No exterior, à medida que a temporada de balanços corporativos se aproxima do fim, a estrela da semana será o índice de preços ao consumidor norte-americano. A expectativa é de que o índice proporcione novas informações sobre os possíveis próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que tem prometido manter os juros oficiais próximos de zero bem como o tamanho de seu programa de compra de ativos pelo menos até que a economia dos Estados Unidos mostre sinais claros de que a crise provocada pela pandemia ficou para trás.
Ainda nos EUA, novos números de vendas no varejo e produção industrial virão à tona na sexta-feira. Atenção também aos dados de inflação na China, na noite de segunda-feira, e aos números preliminares do PIB do Reino Unido, na manhã de quarta-feira.
CPI da pandemia segue causando calafrios no Planalto
Na cena política, seguem os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a reação das autoridades à pandemia.
A expectativa é de que o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, seja ouvido na terça-feira.
O depoimento do ex-secretário de comunicação do Palácio do Planalto, Fábio Wajngarten, está previsto para a quarta-feira.
Na quinta, um representante da Pfizer provavelmente será questionado sobre as ofertas de vacina feitas pela companhia farmacêutica ao governo brasileiro. Para o mesmo dia está previsto o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo.
A depender de como forem conduzidas as audiências, é possível que o avanço da CPI traga à tona informações no mínimo constrangedoras para o governo.
Outros ruídos podem surgir com o fatiamento da reforma tributária.
Agenda de balanços continua a todo o vapor
Enquanto isso, a divulgação de resultados trimestrais de empresas listadas na B3 mantém o forte ritmo da semana anterior. Serão conhecidos ao longo desta semana os balanços de mais algumas dezenas de componentes do Ibovespa. Confira a seguir os principais e clique aqui para ver a lista completa.
Terça-feira: Banco Inter, BR Distribuidora, BTG Pactual, Carrefour, Klabin, Marfrig, NotreDame Intermédica, Raia Drogasil e Telefonica Brasil;
Quarta-feira: BRF, Eletrobras, Energisa, Eneva, Equatorial, Hapvida, JBS MRV, Oi, Suzano;
Quinta-feira: Bradespar, Ecorodovias, Energias do Brasil, Eztec, IRB Brasil, Magalu, Petrobras, Qualicorp, Rumo, SulAmérica, Ultrapar e ViaVarejo;
Sexta-feira: BR Malls, CCR, Cemig, Cosan, CPFL, CVC, Cyrela e Sabesp.