O setor de educação tem quatro grandes players na bolsa: Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3) são os mais tradicionais e de maior porte, enquanto Ser Educacional (SEER3) e Ânima (ANIM3) têm crescido e ganhado espaço. Considerando a complexidade desse segmento, pode ser difícil tomar uma decisão de investimento.
Por isso, eu trouxe no vídeo abaixo alguns fatores importantes a serem levados em conta por quem pensa em comprar essas ações:
Esse é um setor que está em constante evolução — e que apresenta teses de investimento que mudam em horizontes relativamente curtos. Há não muito tempo, o Fies era o motor por trás das empresas do setor de educação; depois, com o programa de financiamento estudantil perdendo fôlego, a educação a distância (EAD) ganhou o protagonismo.
Com a pandemia, imaginava-se que os grupos que já estavam fortes no EAD e ofereciam cursos com mensalidades baixas seriam os grandes vencedores. No entanto, o que se verificou foi o contrário: tais graduações sofreram com um nível alto de evasão de alunos — o cenário de dificuldade econômica colocou os estudos em segundo plano.
Sendo assim, uma nova tese de investimentos emergiu — e mexeu com o equilíbrio de forças entre Cogna, Yduqs, Ser e Ânima.
Ânima (ANIM3) e Ser (SEER3): educação híbrida e cursos de Medicina
Ainda em 2020, percebeu-se que um fator fundamental para as empresas educacionais é a percepção de valor que os alunos têm dos cursos. Graduações baratas e com tecnologia de EAD deficitária eram abandonadas sem grande hesitação; por outro lado, cursos um pouco mais caros, mas com uma qualidade maior, conseguiam reter os estudantes.
Nesse contexto, uma nova avenida de crescimento começou a ser explorada: a dos cursos de Medicina e saúde. Tais graduações têm mensalidades elevadas — muitas vezes, superiores a R$ 10 mil — e um prazo mais alongado, de cinco ou seis anos. Exigem mais investimento por parte das empresas, mas também têm um nível de evasão baixíssimo.
Ânima (ANIM3) e Ser (SEER3) são duas que têm apostado forte nessa via, comprando faculdades e universidades que tenham cadeiras de Medicina. Assim, por mais que tenham ficado para trás na corrida do EAD, elas agora saem na frente nessa tese.
As duas também têm trilhado um caminho de educação híbrida, mesclando aulas presenciais e digitais — o que eleva o ticket médio e aumenta a percepção de valor por parte dos alunos.
No fim, tudo é uma questão de ticket: quanto mais vagas de EAD barato, menor ele será; quanto mais vagas de Medicina, maior será a mensalidade média.
Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3): a força das grandes
Isso não quer dizer que Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3) sejam carta fora do baralho. Elas também estão apostando na elevação do ticket, seja via aperfeiçoamento das tecnologias, seja via expansão dos cursos de Medicina. A questão é que elas têm uma base de alunos de EAD muito grande — um legado que afeta seus resultados hoje.
Apesar disso, as duas têm uma base de alunos bastante extensa e possuem uma capacidade financeira mais elevada, podendo fazer aquisições que a ajudem nessa transição.
Dito tudo isso, qual das ações das educacionais é melhor? Essa é uma resposta difícil — e a análise de algumas métricas de valuation, como o EV/Ebitda, ajuda na tomada de decisão. No vídeo, eu comparo os indicadores das quatro ações e dou outras dicas sobre a tese de investimento no setor: