O diretor executivo da agência de rating Fitch, Rafael Guedes, afirmou que a aprovação da reforma da Previdência era necessária, mas não suficiente para mudar a nota do Brasil, que está em perspectiva estável e só deve ter revisão entre 18 e 24 meses.
"Sem dúvida a gente está vendo nesses 300 dias de governo uma série de alterações, como a reforma da Previdência, que não foi aquela que foi enviada mas ficou bastante robusta, a parte mais difícil já passou", avaliou depois de ter sua palestra cancelada no seminário sobre risco Brasil, na Fundação Getúlio Vargas (FGV) para dar lugar ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que teria um compromisso e não poderia esperar a fala do executivo da Fitch.
De acordo com Guedes, porém, mais do que a reforma é preciso que o país volte a crescer."A reforma da Previdência é necessária mas não suficiente para que tenhamos estabilização das contas fiscais, outras reformas são necessárias e tão importante como a reforma é o crescimento voltar", disse.
Ele afirmou que o mercado tem demonstrado confiança na condução econômica do governo e destacou a queda da taxa de juros. "Elas (taxas de juros) caíram pela metade e estão muito mais planas. Isso indica que o mercado tem uma confiança muito maior na sustentabilidade da dívida governamental no longo prazo", explicou.
Frustração com megaleilão
Guedes também disse que a venda abaixo do esperado no megaleilão de petróleo esta semana não compromete as contas do governo, mas que a agência dava como certos esses recursos. Ele ponderou que isso não deve afetar uma eventual revisão da nota do Brasil.
Guedes elogiou o programa de privatização do governo e as demais reformas que estão sendo anunciadas e destacou a falta de protestos com a venda da BR Distribuidora, o que indicaria que o processo está ocorrendo de maneira tranquila.
"Qualquer menção de privatização, até de tirar o cafezinho da Petrobras, a avenida Chile (onde fica a sede da Petrobras, no Rio) ficaria intransitável. Tivemos a privatização da BR Distribuidora sem nenhum ruído", afirmou. "Tem uma série de fatores da privatização, mas sem dúvida vender ativos é bom para as contas do governo", completou.
*Com Estadão Conteúdo.