Eu realmente queria começar a segunda-feira com uma boa notícia para você ou uma história legal para contar. Mas, olha, está difícil. O melhor que eu posso fazer hoje é jogar a real: deu ruim. A troca de farpas entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia é um balde de água fria para quem está na torcida pela aprovação da Reforma da Previdência e pela recuperação da economia brasileira. E vai doer no bolso do investidor brasileiro.
Quem deu um voto de confiança em Bolsonaro e Paulo Guedes já começa a duvidar que os bons ventos liberais vieram para ficar no país. Foi apenas um sonho de uma noite de verão? Na dúvida, o investidor vende Brasil e compra dólar.
Ao entrar em um embate com o presidente da Câmara, Bolsonaro insiste na sua “nova política”, que refuta a articulação com o Congresso e o “toma lá dá cá”. A visão do capitão é que, em tempos de redes sociais, o presidente não precisa mais de interlocutores para falar direto com seu eleitorado. O problema é que não é possível aprovar a reforma da Previdência em uma enquete no Twitter...
Na reportagem desta segunda-feira, Eduardo Campos compara a estratégia de Bolsonaro com a de Jânio Quadros (sim, ele mesmo), outro presidente que escolheu enfrentar o Congresso Nacional contando com o apoio do povo. Jânio não se deu muito bem, a conferir se a história será diferente com Jair Bolsonaro.
Enquanto o Legislativo e o Executivo seguem em queda de braço, fique atento aos seus investimentos. Torça pelo melhor e prepare-se para o pior. Ou como brincou o Eduardo Campos: "bunda na parede e boca fechada".
Cuidado na curva
Uma situação pouco usual aconteceu com as taxas de juros nos EUA no fim da semana passada, a chamada inversão da curva de juros. É quando o juro da dívida de curto prazo fica maior do que o de longo prazo. Esse é um dos sinais de que uma recessão está a caminho. O presidente da distrital de Chicago do Fed, Charles Evans, comentou a situação.
Ele disse também que prevê que a economia americana cresça menos no primeiro trimestre. A boa notícia é que, diante desse cenário, ele não espera alta de juros nos EUA até o segundo semestre de 2020. A postura mais contida do Fed sobre a elevação da taxa de juros é positiva para as bolsas.
Trump se safou
Depois de um “bafafá” e da instauração de um processo investigativo sobre o suposto conluio entre a campanha de Trump e o governo russo nas eleições presidenciais de 2016, o procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr, divulgou ontem uma carta às autoridades americanas alegando que “não há evidências suficientes que apontem tal fato”. A notícia é positiva para os investidores. Isso porque se a conclusão das investigações apontasse para um delito de Trump, os ativos norte-americanos poderiam sofrer com períodos de intensa volatilidade nos próximos dias.
Alô, alô declaração
Você monta uma carteira diversificada com ações, títulos públicos, fundo de investimento, fundo imobiliário, criptomoeda, COE…E quando chega em março fica com dor de cabeça só de pensar em como declarar seus investimentos no Imposto de Renda. Fique calmo! A Julia Wiltgen explica todos os detalhes que o investidor precisa saber na hora de declarar seus investimentos.
Só mais um pouquinho
A temporada de balanços está perto do fim. Ufa! Mas a reta final será emocionante. Serão conhecidos os números de grandes empresas como Vale, Eletrobras, Gafisa e JBS. Estou curiosa para ler a mensagem da administração da Vale e ouvir o que os executivos vão dizer em sua primeira teleconferência após o acidente de Brumadinho. Para não ser pego desprevenido, é melhor você conhecer as expectativas do mercado para os balanços.
A Bula do Mercado: rota de colisão
A semana começa com a expectativa de retomada na articulação pela reforma da Previdência. Atritos entre Câmara e governo deixam os ativos locais vulneráveis aos ruídos que chegam de Brasília e os investidores pesam a possibilidade de uma tramitação mais demorada que o esperado.
Hoje Bolsonaro se reúne com a equipe econômica e o núcleo político para tratar da reforma. Na terça-feira, Paulo Guedes será recebido na CCJ, onde deve explicar o texto da reforma da Previdência e a reestruturação da carreira dos militares.
A semana pode trazer novidades nas negociações entre Estados Unidos e China. Uma delegação norte-americana desembarca em Pequim para novos encontros. Em Washington, vitória de Trump no caso que investigava conluio com Rússia durante a campanha presidencial.
Na sexta-feira, o Ibovespa fechou com queda de 3,1%, aos 93.735,16 pontos, acumulando uma perda total de 5,45% na semana. O dólar encerrou com alta de 2,65%, a R$ 3,9016, avançando 2,12% na semana. Consulte a Bula do Mercado para saber o que esperar de bolsa e dólar hoje.
Um grande abraço e ótima segunda-feira.
Agenda
- Reunião de Bolsonaro com ministros Onyx Lorenzoni, Paulo Guedes e Augusto Heleno
- Dados da balança comercial semanal
- Banco Central divulga estatísticas do setor externo