O noticiário internacional traz boas-novas ao mercado financeiro nesta sexta-feira, o que deve ampliar o rali dos negócios locais, um dia após o Ibovespa renovar a máxima histórica e o dólar cair abaixo de R$ 4,10. Duas fontes de incertezas geopolíticas no exterior foram removidas do cenário, após a vitória do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, com ampla maioria de conservadores no Parlamento, abrindo caminho para o Brexit, e do progresso em direção ao tão esperado acordo comercial entre Estados Unidos e China.
Em reação a essas notícias, os índices futuros das bolsas de Nova York têm alta firme nesta manhã, sinalizando mais um dia de recorde em Wall Street, após o S&P 500 e o Nasdaq 100 renovarem os níveis históricos ontem. Relatos de que um acordo comercial limitado entre as duas maiores economias do mundo teria sido alcançado animam os investidores.
Com isso, devem ser evitadas novas tarifas de importação dos EUA sobre produtos chineses a partir de domingo. Essa expectativa embalou o pregão na Ásia, onde Tóquio e Hong Kong tiveram ganhos firmes, de mais de 2%, ao passo que Xangai subiu quase isso. As principais bolsas europeias também caminham para uma abertura em forte alta.
O velho continente também comemora o melhor resultado do Partido Conservador britânico desde as eleições de Margaret Thatcher, nos anos 1980, e a maior derrota dos trabalhistas desde os anos 30. Com isso, Johson deve ter facilidade para cumprir a promessa, de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) em 31 de janeiro de 2020.
A libra esterlina sobe mais de 2% em relação ao dólar, na maior alta em quase três anos, impulsionando também o euro. Já a fraqueza da moeda norte-americana favorece o petróleo. Mas é a expectativa em torno de um acordo comercial que guia os negócios, sendo que o yuan chinês (renminbi) é negociado abaixo do nível psicológico de 7 por dólar.
Deal?
Porém, enquanto o lado norte-americano divulga informações otimistas sobre a conclusão da fase um do acordo comercial, que seria anunciada hoje, em Washington, o lado chinês permanece em silêncio, o que mantém certa incerteza no ar.
Segundo o porta-voz do Ministério do Comércio da China, Gao Feng, “as equipes de negociação de ambos os lados mantêm uma comunicação próxima", mas não deu mais detalhes. Na imprensa chinesa, o assunto ainda é tratado como se a situação permanecesse “delicada”.
Ainda ontem, havia a informação de que os termos de um acordo comercial de primeira fase teriam sido aprovados (e assinados) pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Com isso, a nova rodada de tarifas, que estava prevista para entrar em vigor no domingo, teria sido cancelada. Há, ainda, a expectativa de redução da taxação existente sobre cerca de US$ 360 bilhões em produtos chineses.
Em troca, Pequim assumiria compromissos firmes de comprar grandes quantidades de produtos agrícolas e outros itens dos EUA, além de aumentar a proteção dos direitos intelectuais e de propriedade norte-americanos, bem como permitir maior acesso de empresas do país ao setor de serviços financeiros da China. Nesse caso, se a China não cumprir sua parte no acordo, as tarifas retornam aos níveis originais.
Agenda traz dados de atividade
A semana chega ao fim com mais dados sobre a atividade econômica, no Brasil e nos EUA. Aqui, o IBC-Br, calculado pelo Banco Central, deve oscilar em alta em outubro, de +0,1% em relação a setembro, dando pistas sobre o ritmo da economia doméstica no início deste quarto trimestre.
Na comparação com um ano antes. a alta deve ser de quase 2%. Os dados efetivos serão conhecidos às 9h e são o único destaque da agenda doméstica. Já no exterior, saem as vendas no varejo norte-americano em pleno mês da Black Friday, o que deixa a sensação de que a previsão de alta de 0,5% em base mensal é modesta.
Os números oficiais serão conhecidos às 10h30. No mesmo horário, saem os preços de importação e de exportação nos EUA no mês passado. Depois, às 12h, é a vez dos estoques das empresas em outubro.