O efeito imediato do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho foi de queda de mais de 13% dos recibos de ações da mineradora no mercado americano. Quando voltar à ativa pós-feriado na segunda-feira, entretanto, a bolsa paulista não deve aderir ao mesmo ritmo. Isso porque à medida que têm tomado conhecimento mais profundo do caso, os analistas têm sido menos pessimistas sobre o preço da ação. Em Nova Iorque mesmo, o papel reduziu rapidamente o tamanho do tombo para perto de 7%.
"Queda da barragem é trágica e um revés, mas não tem a escala de Samarco" – deu o tom o relatório divulgado há pouco pelo Bank of America Merrill Lynch. Os analistas da casa destacam que a segunda tragédia do tipo em tão pouco tempo pode desencadear maior supervisão do governo e mais penalidades financeiras. Reiteram, entretanto, a indicação de compra para o papel da mineradora.
A equipe do Bofa ressalta a diferença de porte entre as duas tragédias. Enquanto na de Samarco, em 2015, foram estimados 32,6 milhões de metros cúbicos de rejeitos despejados, agora os primeiros cálculos oficiais são de cerca de 1 milhão de metros cúbicos.
É cedo ainda para especular sobre o impacto financeiro do evento, aponta o relatório do Bofa, mas geralmente tais incidentes resultam em custos de limpeza, indenizações e penalidades financeiras. A Vale poderia compensar Brumadinho com a capacidade ociosa existente, mas a equipe de analistas também levanta a possibilidade de a tragédia atrasar a retomada de Samarco, que era esperada para o fim deste ano. E que haja outros entraves públicos para operar plenamente.
Ainda segundo o relatório, dado recuo de Vale com Brumadinho e talvez até Samarco, o preço do minério pode subir. Esse é um dos motivos para o banco americano manter a indicação de compra, somado à estimativa de pagamento de dividendos da mineradora.